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Construindo história

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Loreni Kappel da K´Delícia Confeitaria

24/07/2017

A frase "nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos" foi dita pela primeira vez durante a última peça de Shakespeare, chamada Tempestade, em 1611. Desde então, a máxima tem sintetizado a essência humana, afinal, somos todos grandes sonhadores. A diferença é que alguns são tomados por uma dose extra de coragem e audácia. Nesses inquietos brotam ideias capazes de transformar a sociedade.

Durante esses últimos 22 anos, a Associação de Pequenas e Médias Empresas (Apeme) tem atraído sonhadores irremediáveis. São pessoas cujo o ímpeto de prosperar, transformar e realizar é muito mais forte do que o medo do fracasso. 

É por eles e para você, sonhador, que inauguramos esse espaço. Queremos inspirar novos construtores de histórias a tomar impulso e voar. Esperamos que esses exemplos tirem o seu sono. Queremos que você acorde no meio da noite e pense "se eles conseguiram, eu também posso". Nós acreditamos. Boa leitura! 


Por Priscila Boeira

Ex-diarista abre sua própria padaria no bairro São José

Foi inebriada pelos aromas de cebola refogada na manteiga e pelo cristais de açúcar derretendo até formar caramelo, que Loreni Kappel, 33, se apaixonou pela culinária. A menina nascida na cidade de Coronel Bicaco, localizada no noroeste do estado, a 370 quilômetros de Garibaldi, soube desde cedo que sua realização pessoal estava na alquimia dos sabores criados em panelas. Não demorou muito para perceber que tinha o talento de conquistar pelo paladar. "Lembro que eu subia em um banquinho e ficava ajudando minha avó a fazer pão. Ela morreu cedo. Fez muita falta", recorda. Há quatro meses ela realizou o seu maior sonho: ter sua própria confeitaria. 

Loreni conheceu Garibaldi aos oito anos de idade, em uma temporada de férias na casa de seu padrinho, Darci de Almeida. Ela gostou tanto da cidade que pediu para a mãe, Maria Dolores Melo, para ficar morando com o tio. Mais tarde, quando estava com 16 anos, sua mãe também decidiu vir para Garibaldi. 

Como nem tudo na vida é fácil, não foi possível viver da culinária desde sempre. Foi somente após vários anos trabalhando em indústrias e como diarista em casas de família, que ela tomou a decisão de correr atrás de seu sonho. O primeiro passo foi estudar. Foi então que, há cinco anos, se matriculou no curso de Padeiro e Confeiteiro do Senac, em Bento Gonçalves. "Eu queria um lugar só para mim, para eu poder viver das minhas vendas. Eu já fazia doces e salgados em casa, por encomenda, mas não era o suficiente para trabalhar só com isso", conta. 

Com o conhecimento adquirido, Loreni pode apostar em novas receitas e ampliar seu cardápio. A propaganda boca a boca foi funcionando e as encomendas exigiram mais empenho. "Pensei em trabalhar em alguma padaria para adquirir mais experiência, mas meu marido me incentivou a estudar por conta, testando novas receitas. Foi aí que eu consegui desenvolver vários pratos com um toque meu", salienta. 

Por vários anos, Loreni acordava cedo, preparava bolos, cucas, sonhos e empadas, para então forrar o porta-malas do automóvel e ir vender em frente ao antigo Frigorífico Frinal. A clientela foi gostando e, com isso, as suas viagens até o local ficaram mais frequentes. Ela também vendia pães, tortas e doces para festas para os moradores do São José e do Ferroviário.

No ano passado, com ajuda de seu marido, Rogério Kappel, 44, a confeiteira decidiu dar um salto maior. Unindo competências e economias, os dois resolveram que havia chegado o momento de construir a própria padaria usando a parte da frente do terreno onde moram, no bairro São José. A estrutura ficou por conta de Rogério, que é pedreiro. Loreni fez questão de inaugurar um ambiente dentro das normas da Vigilância Sanitária para que não houvesse dúvidas sobre a qualidade dos alimentos. "A gente sabe que nem todo mundo segue as regras, mas eu sou da opinião que tudo deve ser feito da melhor maneira, como deve ser, de uma só vez", disse. Foram investidos cerca de R$ 120 mil entre obra e equipamentos. 

"No dia da inauguração, pedi para colocarem balões ao redor da porta. Era o sonho se realizando", lembra a empresária. Devido à grande demanda, nos últimos dias Loreni precisou contratar uma ajudante. Se depender de sua força de vontade, a K´ Delícia Confeitaria só tende a crescer. 


Efeito colateral na economia

Entre janeiro e março foram criados 581.242 novos empreendimentos no país

Os escândalos políticos deixam a economia apreensiva, mas não detém quem tem o desejo de se emancipar financeiramente. Segundo um levantamento da Serasa Experian, entre janeiro e março deste ano foram criados 581.242 novos empreendimentos no país. Esse é o maior número registrado desde 2010, e 12,6% superior ao apurado no primeiro trimestre de 2016. Outro dado mostra que entre janeiro e novembro de 2016 foram criadas, no Brasil, 1.855.901 novas empresas, o maior número para o período desde 2010.  

De acordo com os economistas da Serasa Experian, o recorde apresentado no surgimento de novas empresas no país continua sendo determinado pelo chamado "empreendedorismo de necessidade". Desta forma, com as taxas de desemprego muito elevadas, pessoas desempregadas acabam abrindo negócios como forma de geração de renda, sobretudo no setor de serviços.  

Planejamento é a palavra chave

Neste ano, Garibaldi será a única cidade na microrregião a promover mais um Seminário Empretec, entre os dias 21 e 26 de agosto na sede da Apeme. A metodologia exclusiva no Brasil foi desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e implantada pelo Sebrae.

Uma nova oportunidade será aberta na terça-feira, 25/07, a partir das 19h. Durante o segundo Workshop será possível tirar dúvidas sobre quem pode participar. As entrevistas de seleção serão realizadas nos dias 26 e 27. 

Na opinião da técnica de atendimento do Sebrae em Bento Gonçalves e região, Clara Salgado, a palavra chave é planejamento. Para isso existem ferramentas para criar planos de negócios que ajudam o empreendedor. Um modelo é o software versão 3.0 do Sebrae. Ele pode ser baixado gratuitamente no site https://goo.gl/b6vVRq. "O plano de negócios faz com que o empresário pense em vários aspectos que provavelmente não refletiria se não usasse essa ferramenta. São tiradas dúvidas como: de quem comprar; pra quem vender; quem são os concorrentes; como me diferenciar; qual o custo do meu produto; quantos itens terei que vender; quanto produzir para o negócio ser viável e se existe mercado para essa venda. A busca de informações também faz parte do processo", explica Clara. 

Segundo a técnica, um erro muito comum é não verificar se a sala que pretende alugar possui os alvarás. "Muitos empresários acabam encontrando dificuldades para adequar o local e, algumas vezes, precisam rescindir o contrato, o que acaba gerando uma despesa extra", destaca. 


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Leila Chesini
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